quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Quinta dos infernos

Fui dormir cedo. Cansada. Não pintei a unha, não entrei na internet, não passei hidratante. Só queria a minha cama, meu travesseiro e o Big Joe que é o pato que dorme comigo todos os dias.

Dormi rápido, mas atualizei uma maldita home a noite inteira. Nada mais desagradável que sonhar com trabalho. Às quatro da manhã acordo e fico entre cochilos e questionamentos profundos até o aviso do despertador. E durante a urina demorada repasso toda a minha agenda do dia.

Depois de dividir com a minha mãe toda a minha angústia da madrugada e ouvir que ela apóia qualquer decisão minha, saio de casa.

Dou sinal para o ônibus que não para. Lá na frente o farol fecha e ele é obrigado a parar. Corro até lá e bato na porta. Nada. Mais uma vez e o motorista olha para o lado oposto. Terceira batida, dessa vez mais agressiva. Ele resmunga e esmurra o botão que abre a porta.

“O senhor está com algum problema logo cedo?”, pergunto, mas quase respondo por ele, já que eu é que estava com muitos problemas logo cedo.

“Sabia que tem um monte de gente desempregada que daria tudo para estar no seu lugar?”

Finalmente ele olhou pra mim e respondeu: “Sabia”

“Não parece pela sua falta de cuidado com o seu trabalho”

Bilhete único, catraca e o motorista ainda resmunga.

“Não estou mais falando com o senhor. Chega”, falo quase gritando. Ele obedece.

Alguns olhares de aprovação, outros de desprezo, outros de riso. Duas horas de trânsito me aguardavam. Duas!

Resmungos de passageiros, celulares ligando para avisar os chefes do atraso e a moça do cabelo tingindo de loiro-quase-branco. A bolsa dela é azul, a sandália verde, a unha roxa e duas cerejas bem vermelhas penduradas no peito.

A unha da moça ao lado está grande demais, o cobrador cochila, a senhora japonesa fala com seu sotaque nipônico e eu me controlo para não roer as unhas.

Desço do ônibus ciente do dia longo que ainda terei. “Ok, vamos lá”.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

TCSÓ

Muitas pessoas têm me perguntado como é fazer um TCC sozinha. Tenho vontade de responder: “É como fazer em grupo, mas sem dor de cabeça”. Mas eu jamais poderia responder isso com propriedade, já que nunca fiz um TCC em grupo. Além disso, seria injusto com os grupos harmoniosos (?).

Tomei a decisão no 3º ano da faculdade quando me vi diante da impossibilidade total (sim, assim bem redundante) de fazer meu último trabalho da faculdade com a única pessoa que iria gostar dos mesmos temas que eu, se apaixonar e colocar a mão na massa com vontade.

Porém, o maior motivo foi a convicção de que escolher um tema para o seu Trabalho de Conclusão de Curso, ou seja, que expressará o que de mais especial você enxergou nos quatro anos de faculdade, é uma tarefa muito individual que envolve seus gostos e escolhas dentro da profissão que escolheu.

Foi assim que decidi escrever uma monografia sobre Jornalismo Político. Uma monografia que mostrasse os avanços dessa especialidade sem cair no otimismo de uma aluna de último ano que nunca trabalhou nessa área, nem no pessimismo da maioria dos estudos que pesquisei.

Depois de muito recorte, filtragem de informações e pesquisa fechei o tema na investigação no Jornalismo Político. A hipótese do trabalho é que ela não é tradição na especialidade e surgiu como uma cobrança da sociedade democrática.

Bom, mas como é fazer um trabalho como esse sozinha? Brinco que tenho meu gato para o cafuné (ele está sempre ao lado do computador ou em cima do teclado), meu namorado para criticar, minha mãe para achar tudo lindo e minha orientadora para dividir as angústias e encontrar saídas. Então, estou completa!

A verdade é que é uma delícia. Discutir com você mesma, questionar suas próprias ideias, falar sozinha e o principal: saber que só pode contar com uma pessoa, você. Um verdadeiro exercício de autoconhecimento.

Gosto de grandes responsabilidades e nenhuma maior do que não ter com quem dividir a culpa, caso algo dê errado. Filha única que me tornei, aprendi a lidar com isso desde cedo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Cesto de lixo branco

Há um cesto de lixo no meu quarto. O coitado nunca viu nem um sinal de lixo, nem uma bolinha se papel sequer. Os rascunhos continuam ao lado do computador, junto com os lenços de papel usados. Sempre o encaixo na cabeça enquanto digito, o uso de chapéu quando estou sozinha.

Compramos juntos. O seu é preto, o meu é branco e eles estão mais distantes do que nunca agora. Racional como você é, já o usou muitas vezes. Já encheu de lixo, talvez até as minhas fotos e cartas tenham passado por ele. O meu não sai da minha cabeça assim como todas as outras coisas que me lembram você.

Ele pressiona minha cabeça e dá uma sensação gostosa, parece que vai escapar, mas não escapa. Com você também foi assim durante muito tempo, embora a sensação de fuga não fosse tão boa assim. Pressionava, ameaçava escapar para que eu te usasse de acordo com a função que você tinha na minha vida, mas não escapava.

Você precisava ser alimentado assim como o cesto de lixo. E eu ali, fabricando muito alimento, engordando cada vez mais seu conteúdo, mas sem jogar dentro de você. Todo mundo via, eu mostrava pra todo mundo, só você que nunca sentiu o gosto.

Eu acho mesmo que eu preciso aprender a usar meu cesto. Vai que um dia ele escapa ou enferruja.

Palpiteiros virtuais

Sempre me incomodei com as sugestões de outros itens de compras que saltavam da tela todas as vezes que eu pesquisava um produto na internet. Incomodava-me porque não respeitavam a singularidade de cada comprador. Não é porque pesquisei o CD do Chico Buarque que necessariamente eu vou gostar do Caetano.

Chatices a parte, eu imagino que a ferramenta deve alavancar horrores as vendas. Não porque a chance de acerto é grande, mas porque joga na cara do comprador outros produtos que ele pode levar por impulso ou para presentear alguém.

Fiz o teste no site da Americanas, cliquei aleatoriamente em uma de suas ofertas, a coleção de livros de Stephenie Meyer (Crepúsculo, Eclipse, Lua Nova, Amanhecer). O site exibiu como produtos semelhantes os livros de receita da Dona Benta e a coleção de Chico Buarque. De semelhantes, os livros só tinham o formato de coleção.

Claro que alguém que lê Meyer pode ser apaixonado por culinária ou ter um gosto mais refinado nas horas vagas e ler Chico Buarque. Mas ainda acho que esse recorte não abrange tantos compradores.

A reportagem “A Ciência do Palpite” da Veja dessa semana me tranqüilizou. A matéria mostra que os cientistas da computação já estão preocupados em apurar esses sistemas de recomendações. Prova disso é que o site americano de aluguel de filmes NetFlix oferece o gordo prêmio de 1 milhão de dólares para quem conseguir melhorar em 10% a precisão de seu sistema de recomendações.

Pelo valor da recompensa já dá para imaginar o quanto o site pretende lucrar, mas o lucro também será dos clientes que não serão mais bombardeados com opiniões de vendedores virtuais semelhantes a muitos que encontramos em lojas físicas que sugerem por sugerir na tentativa de chutar um produto para engordar a sua sacola.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Delícias literárias

Quase todos os dias, sem nenhum motivo, tenho flashes de cenários que só vi em livros. Já estive, por exemplo, na fonte em que Capitu e Bentinho trocaram juras de amor. Já estive no pomar em que Brás Cubas passeou com a menina bonita e coxa: “Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita?”.

Um dia desses estava no ponto de ônibus e no quarto da “Senhora” de Alencar. Segundos depois, já estava no esconderijo de Anne Frank.

A literatura tem desses prazeres.

Quando mantinha diários, na adolescência, escrevia sobre meus dias ora com mais ironia e humor, ora com mais melancolia e tristeza. Tudo dependia do estilo do autor que eu estava lendo naquele momento.

A literatura trouxe companhia para a filha única que eu me transformei. Nas minhas férias os livros me levavam para viajar enquanto meus pais trabalhavam.

Há delícias que só a literatura traz.

Gostaria de lembrar mais. Gostaria de lembrar trechos inteiros como fazia o mestre FT ao fechar os olhos no tablado das salas de aula.

Há quem diga que bom mesmo é viver a realidade sem fantasias. Eu discordo. Bom mesmo é viver os dois. E eu vivo.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Instituição atende crianças com paralisia cerebral grave

Por: Marianna Abdo
O que é paralisia cerebral?


A Paralisia Cerebral é uma lesão neurológica que ocorre no período em que o cérebro ainda não completou seu desenvolvimento, podendo se dar, antes, durante ou depois do nascimento. São 26.600 novos portadores a cada ano no Brasil, 2 em cada 1.000 nascem vivos nos países desenvolvidos, 7 em cada 1.000 nascem vivos no Brasil.


Cruz Verde

Fundada em 8 de dezembro de 1958, a Cruz Verde é uma instituição filantrópica sem fins lucrativos que atende crianças com paralisia cerebral grave. O objetivo é fornecer o máximo de assistência aos pacientes, por meio de um incessante trabalho envolvendo vários profissionais que buscam a manutenção do quadro e a qualidade de vida dos pacientes.


A Cruz Verde mantém três unidades de atendimento. No Hospital são mantidos 204 pacientes em regime de internação integral que recebem visitas da família duas vezes por semana. Alguns pacientes são crianças abandonadas que chegam ao Hospital encaminhados judicialmente. O serviço de internação é gratuito e 90% dos leitos são conveniados ao SUS.


No Ambulatório, as consultas são agendas e os atendimentos chegam a 18 mil por ano. Quando chega ao Ambulatório o paciente passa por uma avaliação neurológica que avalia: déficits motores, tono muscular aumentado e atraso no desenvolvimento psico-motor; e por uma avaliação de déficit cognitivo.


No Hospital-Dia, 25 crianças são atendidas diariamente durante oito horas e voltam para o convívio familiar no final do dia. Tanto pacientes graves que necessitam de maior respaldo, quanto pacientes que apresentam boa evolução são atendidos nessa unidade.


Todas as unidades contam com profissionais das áreas de enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, hidroterapia, nutrição, médica, odontologia, psicologia e terapia ocupacional, totalizando 250 funcionários e 70 voluntários.


As terapias em conjunto buscam o máximo de independência da criança nas atividades diárias. Toda a parte de nutrição é preparada da própria unidade com a ajuda de fonoaudiólogas e nutricionistas.

Como ajudar


Os recursos públicos não cobrem as despesas da instituição. Por isso, a Cruz Verde precisa de doações para manter seu trabalho. “A instituição tem uma necessidade de compor o seu recurso mensal. Nós precisamos de recursos financeiros não só para projetos e equipamentos, mas também para subsidiar o próprio custeio da instituição”, explica Marilena.


- Doações em dinheiro


Podem ser feitas diretamente na Cruz Verde ou por conta bancária nos bancos:

Bradesco agência. 2282-9c/c 13.000-1

Itaú agência. 0368-9 c/c 20.000-2


As doações de alimentos, produtos de higiene e outros itens, também podem ser feitas diretamente na Cruz Verde. Mas se preferir ligue para o número (11) 5579-7335 e agende a retirada da doação.


- Sócio Contribuinte


O sócio-contribuinte recebe os boletos bancários em sua residência para que se possa efetuar a doação. O boleto vem em branco e pode ser pago em qualquer data.


- Bazar


As doações que não são utilizadas pelos pacientes são comercializadas no bazar, importante fonte de renda da instituição.


Mais informações:


Endereço: Rua Diogo de Faria, 695 – Vila Clementino – São Paulo – SP.Tel.: (11) 5579-7335

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Summus lança "Diário de Bollywood” na livraria da Vila - Lorena, dia 5

Além de autografar a obra, às 20h, o autor fará uma apresentação sobre o tema do livro no auditório da livraria.

A Summus Editorial e a Livraria da Vila - Lorena (SP) promovem no dia 5 de maio, terça-feira, das 19h30 às 22h, a noite de autógrafos do livro Diário de Bollywood, do jornalista Franthiesco Ballerini. Às 20h, o autor fará uma apresentação sobre o tema do livro no auditório da livraria. Misto de diário de campo e grande reportagem, a obra aborda as principais características do cinema indiano. O autor reflete com olhar crítico os pontos fortes, as dificuldades e o momento de transição histórica por que passa a indústria cinematográfica daquele país. A livraria fica na Alameda Lorena, 1731. O evento será no piso térreo.

Fruto de uma reportagem especial com visitas a estúdios, sets de filmagem, escolas e casas de diretores em Mumbai, na Índia, o livro mostra entrevistas exclusivas e fotografias que explicam como funciona o esquema de produção no país. Os ingredientes dos filmes são basicamente os mesmos: tramas românticas, roupas coloridas, cenários opulentos e muita, muita música e dança. Atores e atrizes possuem status de "deuses”. O fanatismo é tão exacerbado que os indianos constroem templos para venerar seus ídolos.

A paixão do indiano pela sétima arte vem de muitos anos. "O cinema era a única forma de entretenimento, já que a TV tinha apenas um canal até 1990 e o país ainda não faz parte do circuito de shows e peças que circulam pelo mundo”, explica Ballerini. Segundo ele, além de famosos pelas sequencias belíssimas de dança e música, os filmes são visualmente bonitos pelo trabalho de pós-produção (fotografia, edição de som etc.). "A temática, contudo, não agrada muito o mundo ocidental, por ser muito repetitiva, sempre com conotação emotiva, envolvendo mocinhos e mocinhas”, diz.

Apesar de o modo indiano de fazer cinema ser pouco apreciado pelo Ocidente, Ballerini acredita que ele pode ensinar muito aos brasileiros: "São informações fundamentais para nossa eterna tentativa de transformar a produção nacional em indústria autossustentável”. Para o autor, o cinema latino pode aprender muito sobre o funcionamento da indústria cinematográfica em um país em desenvolvimento, assim como a respeito da valorização de temas e produtos ligados à própria identidade cultural. "Por outro lado, também poderíamos ensinar a eles a liberdade de expressão, ou seja, como abordar qualquer assunto nas telas sem medo de censura, bem como a capacidade que temos de criar roteiros muito mais criativos e diversos”, diz.

Os indianos, no entanto, não se preocupam com a avaliação estrangeira de seus filmes. Eles têm orgulho de fazerem parte de um grupo seleto de países que pode exibir uma indústria de cinema autossutentável. "É muito comum que se ouçam em países da América Latina, por exemplo, comentários sobre os clichês, a pobreza temática e até brincadeiras pejorativas envolvendo o nome Bollywood, dando conta de que não se pode, em tese, levar a sério uma indústria cujo nome é uma cópia adaptada de outra indústria. Mas nem os profissionais de Hollywood [...] pensam mais dessa maneira. A prova disso é que eles estão investindo fortemente em coproduções Estados Unidos-Índia, instalando escritórios em Mumbai e levando grande quantidade de roteiristas, diretores e produtores para explorar o local e trabalhar in loco”, esclarece Ballerini.

A grande premiação do filme Quem quer ser um milionário? – dirigido pelo britânico Danny Boyle, rodado na Índia e coproduzido por uma equipe indiana – no Oscar 2009 mostra que o mundo ocidental está aberto e interessado em novos olhares, de culturas distantes e ainda exóticas. "O filme tem pouco de bollywoodiano, exceto a música e a dança no fim. Mas, enquanto estava na Índia, notei a quantidade enorme de executivos ocidentais fazendo contatos com a indústria indiana, na tentativa de abocanhar um mercado que vende três bilhões de ingressos por ano e do qual Hollywood só conseguiu ter pouco mais de 8% do market share até hoje”, conclui.

O autor

Franthiesco Ballerini, jornalista, trabalhou como crítico de cine-ma do Jornal da Tarde por sete anos e foi colaborador de O Estado de S. Paulo com reportagens especiais e entrevistas de grandes estreias de Hollywood em Los Angeles. Mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista, é pós-graduado em história do cinema mundial e colaborou para revistas como Bravo!, Contigo!, Quem e Sci-fi News, tendo sido colunista cultural da Rádio Eldorado. Atualmente, é crítico de cine¬ma do jornal Valeparaibano e professor da Academia Internacional de Cinema de São Paulo. Tem participado de palestras e debates em diversas capitais do país por conta da repercussão da re-portagem especial na Índia.

Título: Diário de Bollywood – Curiosidades e segredos da maior indústria de cinema do mundo
Autor: Franthiesco Ballerini
Editora: Summus Editorial
Preço: R$ 34,60
Páginas: 128
ISBN: 978-85-323-0537-4
Atendimento ao consumidor: 11-3865-9890
Site: www.summus.com.br